domingo, 5 de julho de 2015

Mini Biografia de Querolayne Barros




Há pouco tempo atrás conheci uma garota, e aos poucos fui me identificando e tornando seu amigo.

Ela foi a primeira pessoa a compartilhar uma postagem do nosso blog e fazer divulgações.

Ela tem 21 anos e essa narrativa foi obtida de forma simples e descontraída em conversas via Facebook.

Então vamos conhecer um pouco da historinha da nossa amiguinha:

“Oi, amores e amoras!

Eu sou Querolayne Barros e vou contar para vocês um pouco da minha vida e das cidades por onde passei.
Em 1993, eu linda, nasci em Juara - MT


Juara é um município brasileiro de Mato Grosso e fica a 730 km da capital Cuiabá.

Curiosamente é a cidade que tem mais cabeças de gado do que pessoas. Cerca de 1,5 milhões de gados e pouco mais de 32 mil habitantes, Juara é conhecida como "A Capital do Gado".



Meus pais mudavam muito de um lugar para o outro e foi assim até irmos parar em Água Clara – Mato Grosso do Sul, onde estou até hoje.


Tive uma infância feliz e saudável.

Fui criada na fazenda junto com os meninos, então me apeguei nas coisas masculinas como jogar futebol e andar de bicicleta.

Talvez por conta disso e por ser agitada, participei de uns concursos de bicicross e levei o título para casa de 2007 á 2009.

Outra paixão minha é o Hip-Hop. A dança também foi muito especial e importante para mim. Com ela participei de várias disputas de B.Boys aqui no Mato Grosso do Sul.

Quando me formei no ensino fundamental e teve a formatura eu que nunca tinha pintado as unhas e fui sempre largada com essas coisas, tive minha primeira vez assim:

Minha tia já era manicure e minha mão marcou com ela para fazer as minhas unhas.

Ela fez toda a limpeza necessária e desnecessária também, rsrs.

Tirou tudo do dedo e meus pés ficarão todos machucados, pois minhas unhas eram iguais de menino até então.

Foi aí que comecei a me apaixonar por essa arte e profissão.
E desse dia em diante resolvi que ninguém mais iria mexer nos meus pés além de eu mesma.

Logo depois pedi para essa minha tia para me ensinar a pintar as unhas e ela me ensinou o básico.

Com 14 anos comecei a fazer as minhas próprias unhas e fui tomando gosto por essa profissão.


Um ano depois, me envolvi com um garoto que no início era bom e legal, porém, por falta de informação ou de irresponsabilidade dele, pois era ingênua na época, engravidei e foi quando tudo mudou da minha vida.

Fomos morar juntos e lá passei por situações ruins que algumas prefiro nem comentar.

Ele caiu no mundo das drogas e foi ficando, cada dia pior.
Infelizmente virou um marginal e minha vida corria perigo e sofria muito, mais por causa da minha filha.

Foi assim até ele se envolver com a mulher de um traficante. Por causa disso botaram fogo na minha casa e perdemos tudo, menos os meus documentos e da minha bebe que estava dentro de um abajur que era a imagem da Nossa Senhora Aparecida.

Nesse dia eu consegui fugir dele e voltei para a casa dos meus pais com minha filha que tinha apenas 10 meses.

Resolvi mudar meu jeito de ser e reconstruir minha vida, apesar de achar algumas vezes que nunca ia ser feliz.

Continuei a fazer minhas unhas e mesmo sem especializações trabalhei em salões e a domicílio.

Em 2012, minha filha, agora com três anos, eu fui estudar numa cidade bem perto daqui chamada Três Lagoas, onde fiz dois cursos técnicos um de Logística e o outro de Recursos Humanos.



E consegui emprego numa empresa grande logo em seguida.




Eu sempre tive cabelos crespos e por causa da mídia e padrões que a sociedade impõe, eu os odiava e vivia alisando o meu cabelo.

Até eu sofrer um acidente e perder boa parte do meu “lindo” cabelo.
Fiquei sem chão. 

Mais uma rasteira que levei da vida.

Logo meu cabelo...

Mas, como na vida, tudo acontece na hora certa e se aconteceu isso comigo, era meu destino e dele não tem como você correr.
Então decide raspar a cabeça e me aceitar de uma vez por todas.

Nesse dia eu me transformei. 

Eu virei outra mulher.

Ao invés deu me esconder e me inibir por causa do preconceito, eu comecei a encará-los de frente, colocando minha “cara a tapa”.

Antes eu dava as costas ao preconceito, hoje o enfrento de frente e o boto para correr.

E é assim que vai ser até o fim dos meus dias.

Nessa época em 2012, conheci meu marido. Na verdade a gente já tinha estudado juntos, mas eu o odiava porque era play boy.

Sabe aqueles meninos metidos, que todas as meninas eram loucas para ficar com ele?

Desse jeitinho e eu marrenta, usava bermudão, toda descolada.

O povo da minha cidade me julgava muito, já até falaram que eu era lésbica, porém eu nunca liguei para o que as pessoas pensam ou deixa de pensar.

Continuando, pouco tempo depois, começamos a andar com os mesmos amigos e frequentar as mesmas festas.

Só que eu era louca, ninguém ficava sem mim.

Sempre fui para as festas só para curtir e dançar. 

Ficava só de zueira, sem ficar com ninguém.

Nesse meio tempo eu comecei a me aceitar do jeito que eu sou, depois do acidente que perdi parte do meu cabelo, comecei a ver as coisas com outros olhos e para realmente começar do zero, raspei a cabeça e deixar crescer tudo outra vez, sem química, sem alisamentos e afins.

As pessoas não me entenderam e as pessoas, que eu achava que era meus amigos começou a me evitar.

Perguntando se eu era lésbica e eu nem respondia.

Mas uma pessoa ficou do meu lado e me deu apoio quando eu mais precisei.

Esse carinha que eu odiava ficou do meu lado firme e forte e ainda disse para mim que me admirava muito, porque eu com tantos problemas e nem assim eu deixava de sorrir.

Também me disse que dentro da menina da gandaia, havia uma grande mulher.

Mas como era marrenta e para fazer um charminho, ainda demorou em que eu o aceitasse como meu namorado.

Pois no passado, já tinha sofrido muito e o medo voltava a bater na minha porta. 

E agora eu tinha muito mais receio, por conta da minha filha, que é a joia mais preciosa e valiosa que tenho.

E vocês sabem que hoje não se pode confiar em quase ninguém.

Um dia depois do meu aniversário, eu o aceitei como meu namorado e na mesma semana fomos embora juntos para Três Lagoas e casamos com uma semana de namoro, afinal já o conhecia há muito tempo e pra que esperar?

Nós sabíamos que muitos iam ser contra, mas o amor falou mais alto e com ele não tem nada que se deve temer.

Depois de dois anos em Três Lagoas, voltamos para Água Clara, onde estou até hoje.

Completamos três anos de casados e muito bem casados para falar a verdade.

Para finalizar deixo uma foto para vocês da minha família que amo muito, onde tem eu, meu marido e minha filha.

Então pessoal essa é um pouco da minha história de luta, fé e perseverança.

Agradeço a todos que fizeram parte da minha vida e ao Rafael Bretas por compartilhar ela com vocês.

Um beijo, fiquem com Deus e até a próxima”.




* FIM * 

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